quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

São Paulo na cor amarelo intermitente

Caro leitor, tenho certeza de que, assim como eu, você já sentiu na pele a preocupação em cruzar uma via de grande tráfego em que o semáforo estava em amarelo intermitente ou simplesmente apagado. E não é apenas a falta de eletricidade que ocasiona o blefe; em dias chuvosos, com garoa, ou mesmo em um dia comum, existe a possibilidade de passarmos por esta situação.
Segundo números divulgados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) 42 semáforos quebram na capital todos os dias. De acordo com a companhia, só nos primeiros quatro meses de 2012, foram registradas 4.947 falhas. Mas é claro que o problema piora quando chove em alguns pontos da cidade. Esse tipo de falha costuma parar a cidade de maneira assustadora. No recente dia 6 de dezembro, por exemplo, após um dia de forte chuva com pontos de alagamento, 77 semáforos estavam com problemas; e qual foi o resultado disso: a CET registrava 28 km de vias congestionadas às 22h15.
Além de causar congestionamentos, a falha desse equipamento pode também ocasionar acidentes gravíssimos. No início do ano, um motorista que dirigia um ônibus no Campo Belo, na zona sul de São Paulo, se envolveu em um acidente que matou duas pessoas. Segundo testemunhas, o semáforo da avenida estava apagado e o ônibus não conseguiu frear no exato momento em que o veículo das vítimas cruzava a avenida.
Para que casos como esse e tantos outros não venham se repetir por aqui, recentemente a CET instalou o sistema de "no break" em uma via movimentada da capital, garantindo que o semáforo funcione mesmo sem energia. O sistema possui baterias que dão autonomia de quatro horas ao equipamento. Segundo a CET, a companhia tem reforçado as operações de manutenção que atingem os cruzamentos semaforizados da cidade, por meio do melhor gerenciamento das equipes e recursos disponíveis.
É claro que a instalação dos chamados "no breaks" irá ajudar a solucionar o problema, mas, infelizmente, a colocação desse sistema tem sido muito demorada. Recentemente, a CET informou que pretende instalar 200 unidades, porém não podemos esquecer que São Paulo possui mais de 6 mil cruzamentos e que as 200 unidades que ainda não foram instaladas não chegarão nem perto de resolver o problema.
Ainda segundo a CET, em 2011, 1.054 semáforos foram substituídos por mais modernos e 60 novos faróis foram instalados. Como se vê, a melhoria ainda é um tanto tímida. No entanto, impressiona-me a cidade possuir um verdadeiro arsenal de equipamentos modernos e pessoal qualificado para aplicar multas e outras penalidades ao motorista. E o mais interessante é perceber que nem mesmo as constantes chuvas destroem esse aparato gigantesco.
Não coloco em questão a importância de ações fiscalizadoras que garantam o respeito às leis de trânsito. O cidadão deve, sim, respeitar as leis, pois esse é seu dever, mas, em contrapartida, também precisa usufruir de serviços de qualidade. Infelizmente, isso não tem sido colocado em prática. Em São Paulo, existem mais de 500 radares, 350 câmeras, 2,4 mil agentes, além de todo um aparato para fiscalizar rodízio, velocidade, semáforos e invasão de faixas exclusivas. Toda essa verdadeira "tropa", de janeiro a setembro de 2012 aplicou mais de 7,3 milhões de multas.
Infelizmente, o motorista que circula nesta cidade não pode dizer que este dinheiro vem sendo bem utilizado, pois sente na pele exatamente o contrário. Além disso, também são insuficientes as informações relativas aos gastos e necessidades deste setor. A população se pergunta, por exemplo, por que a tecnologia dos semáforos não funciona quando chove em São Paulo. O que precisa ser feito para que essa situação mude? Já passou da hora de unirmos forças para mudar isso.
Quem se lembra da recente passagem do furacão Sandy nos EUA deve ter percebido que a maior parte dos semáforos de Nova York continuou funcionando, mas por quê? Por causa dos vários geradores de energia independentes que existem na cidade. Isso se chama planejamento, e é algo que pode ser feito nesta capital que é uma das maiores do mundo.
A população que já é obrigada a pagar taxas e tributos não deve mais ser onerada com serviços de má qualidade. São Paulo não pode mais viver com a cor amarelo intermitente de seus semáforos quebrados.


*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

Panes em semáforos: motorista enfrenta vários problemas em SP 

Link: http://r7.com/ffqM


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