segunda-feira, 26 de junho de 2017

Opinião - Gravidez precoce: um problema que precisa ser discutido

Gilmaci Santos

É de senso comum a ideia de que ter um filho não é tarefa fácil; educar uma criança é um verdadeiro desafio. Imagine então este papel sendo desempenhado por uma criança ou adolescente. Deve ser algo devastador, você não acha? Infelizmente essa é uma situação muito comum em nosso país, onde muitas crianças e adolescentes ainda inexperientes se veem diante dessa grande responsabilidade.
Ainda que os casos de gravidez na adolescência tenham registrado queda de 17% entre 2004 e 2015, dados oficiais demonstram que a situação ainda é preocupante. Segundo informações preliminares do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) divulgadas em maio deste ano pelo Ministério da Saúde, em números absolutos, a redução foi de 661.290 nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos em 2004 para 546.529 em 2015.
Foi pensando em inserir essa discussão no cotidiano da população paulista que apresentei em 2008 o Projeto de Lei 790, que institui a Campanha de Prevenção à Gravidez Precoce no Estado de São Paulo. A ação tem como objetivo promover encontros, grupos de debates, seminários e aulas de orientação de como prevenir a gravidez precoce e quais são as suas consequências. Ainda segundo a propositura, todo o trabalho desenvolvido deverá ser acompanhado e ministrado por profissionais da área médica e pedagógica. Segundo o PL, a campanha seria realizada no mês de maio em todas as escolas públicas do Estado.
Atualmente, o projeto está pronto para a ordem do dia, aguardando apenas ser votado no plenário aqui na Assembleia Legislativa para então ser encaminhado para o executivo, que irá sancionar ou vetar a propositura. A campanha é fundamental, pois é importante criar maneiras de discutir o problema na escola e mostrar aos alunos os riscos de uma gravidez precoce, não apenas para a sua saúde, já que se tratam de indivíduos ainda em formação física e psíquica, mas também debater sobre como uma gravidez não programada pode mudar completamente a vida de um indivíduo, ainda mais se tratando de uma criança ou adolescente que possui inúmeros objetivos profissionais e pessoais.
O tema é tão atual e preocupante que em junho deste ano representantes dos ministérios da Saúde e da Educação de países que compõem o Cone Sul - Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai - estabeleceram um plano estratégico para reduzir os índices de gravidez na adolescência. Os cinco países receberam o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Uma das estratégias do projeto assinado é reforçar a educação não apenas nas instituições de ensino, mas também em outros espaços.
Segundo o UNFPA, a taxa de fecundidade entre adolescentes nos países do Cone Sul é o dobro da média mundial, nessa região uma em cada cinco meninas já é mãe. O Cone Sul só perde em números para a África Subsaariana, território situado ao sul do deserto do Saara. O Brasil sozinho possui 21 mil jovens grávidas com menos de 15 anos.
A gravidez precoce é considerada de alto risco durante a infância e a adolescência, pois aumenta a possibilidade de mortalidade da mãe e do bebê. Esse tipo de gestação também está relacionado ao aumento de doenças psicológicas, dos casos de suicídio e do abandono dos estudos. Mesmo que os casos tenham diminuído nos últimos anos, eles ainda atingem muitas famílias e levar esse tema para as escolas é um ótimo caminho para conscientizar nossos adolescentes. Os jovens precisam compreender os riscos de uma gestação em idade não adequada e a escola é um ambiente propício para essa discussão.

*Gilmaci Santos é deputado estadual (PRB) e membro efetivo da Comissão de Constituição, Justiça e Redação e da Comissão de Educação e Cultura. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Mandato em Pauta


Redação Diário Oficial- Foto: Raphael Montanaro
Entrevista publicada no Diário Oficial do Estado – Poder Legislativo (7 de junho de 2017)

"O Brasil vive um momento difícil na política em todos os sentidos, e isso acaba refletindo na Assembleia Legislativa", diz o deputado Gilmaci Santos (PRB). Em sua entrevista para o Mandato em Pauta, ele afirma que muitos projetos foram apresentados nos últimos dois anos, mas boa parte foi vetada pelo governo estadual.
Santos defende a harmonia e independência dos Três Poderes, para que os projetos de interesse dos deputados e do governador possam ser colocados em discussão e sejam aprovados com mais agilidade.
No terceiro mandato, o parlamentar associa a sua atuação política ao diálogo com a sociedade. "Com base nas dificuldades da população, nós procuramos levar essas necessidades para o governo", diz.
Ele lembra que, durante os dois anos em que está no cargo, visitou mais de 100 cidades no Estado de São Paulo e procurou ouvir e buscar soluções para as demandas apresentadas pelos municípios.

Carreira política
Nascido em Dourados, Mato Grosso do Sul, Gilmaci Santos veio para São Paulo com 11 anos e começou a trabalhar no setor do comércio varejista. Desde 1987, atua com o apoio às comunidades carentes, sobretudo na região Oeste do Estado.
Santos explica que esta experiência foi o motivo para ingressar na vida política. Ele tentou, por duas vezes, a candidatura como vereador em Cotia, mas acabou sendo eleito deputado estadual em 2006, com 65.188 votos. Na última eleição, em 2014, teve 103.127 votos.
O deputado afirma que representa a Igreja Universal do Reino de Deus no parlamento. Para ele, se não fossem os votos da instituição, não teria sido eleito.

Trabalho social e juventude
"Pelo menos uma vez por mês visito as comunidades carentes. Acredito que na maioria das vezes falte apenas um incentivo para melhorar a vida de um indivíduo. O meu papel é mostrar que esta população precisa ter os seus direitos respeitados", declara.
O parlamentar busca envolver os jovens no meio político. Ele defende uma maior participação deles nas eleições, seja como eleitores ou candidatos. Para Santos, a juventude brasileira não deve apenas criticar a situação atual do Brasil, mas apontar soluções para a crise.
Ele também indica que há uma falta de movimentos estudantis com empenho. "O grupo de "black blocs" não pode ser considerado uma ação estudantil, pois representa desorganização e bagunça. Sugiro criar movimentos inteligentes dentro da política, com pessoas conscientes", diz.
Sobre o combate às drogas, Gilmaci Santos acredita que pode ajudar nesta luta. "Os deputados devem propor legislações neste sentido e se fazerem presentes com as ONGs, sociedade civil organizada e igrejas para conscientizar a população", diz.

Leis e projetos
Há 11 anos no parlamento paulista, o deputado Gilmaci Santos destaca as propostas apresentadas que merecem destaque. A Lei Estadual 13.835/2009, que obriga os fornecedores de serviços a disponibilizar nas faturas o endereço completo de suas instalações comerciais, para diminuir os conflitos com empresas e aproximar o consumidor do fornecedor, resultou de projeto de sua autoria.
Outra lei importante, segundo ele, é a que proíbe a revista íntima dos visitantes nos estabelecimentos prisionais do Estado. "Pela proposta, os procedimentos só devem ser realizados em razão de necessidade de segurança e serão efetuados com respeito à dignidade humana", declara.
O Projeto de Lei 131/2016 busca instituir a campanha "Abril Marrom" para prevenção e combate às diversas espécies de cegueira. Santos afirma que criou o projeto depois que a filha de um amigo ficou doente. "Dentro de 15 dias ela ficou cega de um olho, mas posteriormente foi possível realizar uma operação e a jovem teve sua visão restaurada", diz.
O caso o deixou curioso: por meio dele, foi pesquisar sobre os sintomas apresentados e notou que grande parte da população tem problemas de visão muito sérios.
De acordo com dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Dentre elas, 582 mil são cegas e 6 milhões têm baixa visão.
Santos também lembrou quando descobriu que não há fila de espera para transplante de córnea. "Há [córneas] sobrando nos bancos. Muitas pessoas com dificuldades visuais não são diagnosticadas, não recebem o tratamento correto e acabam perdendo a visão", diz.
O deputado defende que é preciso realizar uma campanha de conscientização para que mais pessoas possam fazer os exames e, caso precisem de transplante, tenham a possibilidade de realizar a cirurgia.

Cenário político
Em meio a grandes escândalos e descrença da população com a política brasileira, Gilmaci Santos sugere que os políticos atuais devem reconhecer "que não são os donos da razão, e sim representantes da população". Para ele, as pessoas no poder "perderam os limites, acharam que podiam fazer tudo e que nunca teria consequência".
O deputado defende uma renovação e aponta o parlamentarismo como uma solução para a crise política. Segundo ele, seria possível uma fluidez maior nos cargos, "vem o Primeiro Ministro, dissolve o Congresso, chama eleições e renova tudo", diz.
Ele também fala sobre a falta de informação da população. "O povo não vai a fundo para saber da realidade". Para Santos, a única solução para este problema deve partir da educação.