
A administração paulistana pretende criar uma
nova faixa exclusiva para veículos de serviços como ambulância, carros oficiais
e transporte de mercadorias e cargas, ou seja, mais uma faixa que provavelmente
não ajudará em nada o já tumultuado trânsito de São Paulo. Além disso, o governo
municipal anunciou que irá implantar a redução de velocidade nas marginais em
julho. Assim, as marginais Tietê e Pinheiros terão novas velocidades, nas
pistas expressas cairá de 90 km/h para 70 km/h, já nas pistas locais e
centrais, a redução será de 70 km/h para 60 km/h, e não é só isso, em alguns
trechos com curvas ou onde há faixas de ônibus, a diminuição cairá de 60 km/h
para 50 km/h. Segundo nossos administradores a ação evitaria acidentes e mortes
registradas nas marginais.
As restrições acabam aqui? Não, a prefeitura
de São Paulo também estuda fechar uma das avenidas mais importantes da capital,
a Avenida Paulista, o fechamento ocorreria aos domingos para o uso de pedestres,
ciclistas e skatistas. O interessante é que os ciclistas já têm diversas faixas
exclusivas na capital, inclusive em bairros aonde não se vê nenhum utilizando
essa via, ou pior, onde faixas de ônibus e ciclovias dividem o mesmo espaço,
algo bem perigoso. Além disso, muita gente não utiliza a bicicleta por causa da
falta de segurança dessas vias. Mas, claro, a administração incompetente desta
cidade não deve ter verificado a inviabilidade disso tudo.
São tantas as restrições e faixas exclusivas que
a população está revoltada, e não é para menos, essas mudanças afetam diretamente
a vida do cidadão paulistano e de quem estuda ou trabalha aqui. Se tivéssemos
opções de qualidade na cidade seria até possível utilizarmos diariamente
transporte público para ir ao trabalho ou mesmo passearmos nesta capital, mas,
infelizmente, além de ser limitado por não conseguir atender a imensidão de
usuários, não é melhor e mais veloz que um automóvel. Já ouvi pessoas falarem
que o veículo particular é um “mal necessário” e concordo com isso, pois quem
utiliza o transporte público para se locomover para o trabalho, casa, faculdade
ou para um passeio gasta muito mais tempo, e isso é algo testado e vivenciado pela
população. Hoje, o cidadão sonha em comprar seu veículo próprio para fugir do
martírio que é utilizar o transporte público diariamente, que além de ser mais
lento, é também lotado e de baixa qualidade.
Não há como proibir os automóveis de
circularem em São Paulo sem antes resolver os problemas estruturais que
aumentaram a frota de veículos por aqui, mas o executivo municipal está
preocupado com isso? Não, novamente estão penalizando a população por algo que
não é culpa dela, mas da falta de planejamento de nossa cidade que tem sido
negligenciada há muito tempo. Novas estradas precisam ser construídas e o
transporte público precisa ser melhorado e ampliado, esses são problemas fundamentais
que necessitam de estudo e de aplicação. Infelizmente, não será a criação de
novas faixas que irá resolver um problema de anos, na verdade é preciso se
preocupar em iniciar ações de longo prazo que melhorem a qualidade de vida de
nossa população.
A diminuição da velocidade das marginais
também não ajudará o trânsito da cidade, mas, e os acidentes? Eles não serão
evitados com essa mudança. As marginais foram criadas para serem vias expressas
ou rápidas, elas são vias de tráfego de alta velocidade, separadas do resto do
tráfego, ou seja, modificar sua velocidade é mudar a sua função real delas. Na
maior parte do tempo as marginais estão paradas, então porque diminuir a
velocidade daquilo que nem anda?
A população precisa opinar sobre esse tipo de
mudança, pois é ela a maior interessada na melhoria do trânsito de nossa
cidade, afinal, é o cidadão quem suporta 2, 3, 4 ou mais horas de
engarrafamento todos os dias. Nossos governantes querem buscar soluções reais
ou tapar o sol com a peneira e arrecadar ainda mais dinheiro com multas?
*Gilmaci
Santos é deputado estadual (PRB) e membro efetivo da Comissão de Constituição,
Justiça e Redação.
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