Quem acompanha os noticiários diários deve ter se surpreendido e até
mesmo se revoltado com a divulgação daquilo que alguns veículos da
imprensa chamaram de “a farra dos supersalários” da USP. Um famoso
colunista de um jornal de grande circulação nacional chegou a criticar
os doutores da USP por provocarem um gasto de 105% no orçamento com a
folha de pagamentos, mas, caro leitor, por que tanta acidez ao falar
desses estudiosos? Será mesmo que os professores não merecem ganhar tal
salário?
A falta de cuidado como que a imprensa trata desse assunto me assusta. Já existe por aí a ideia de que as universidades públicas oneram o Estado e nada produzem, e esse tipo de cobertura tendenciosa apenas aumenta essa visão preconceituosa. Não acredito que um professor universitário que passou a maior parte da vida estudando, ganhando bolsas de valores irrisórios, abnegando horas de lazer por estudo e ignorando o trabalho na iniciativa privada para seguir a área acadêmica não mereça ganhar um piso superior aos R$ 20 mil, assim como acredito que esse deveria ser o salário de diversos outros profissionais indispensáveis.
Atualmente, o maior salário da universidade – R$ 60 mil, é o de um professor aposentado do Instituto de Psicologia, com 90 anos, o pesquisador é ainda muito ativo na universidade. Mas como se sabe e a imprensa fez questão de destacar, hoje a USP não poderia pagar salários superiores aos R$ 20 mil, pois o teto constitucional paulista é atualmente limitado pelo salário do governador (R$ 20.662).
Mas o que poucos sabem é que os caminhos dos pesquisadores brasileiros são um tanto tortuosos; atualmente, durante a graduação quem decide fazer pesquisa é remunerado em apenas R$ 400 pelo CNPq, já as bolsas de mestrado estão fixadas em pouco mais de R$ 1 mil, lembrando que neste período a dedicação deve ser total, o pesquisador trabalha 40 horas por semana, não pode ter outra renda e não possui nenhum tipo de direito trabalhista. Além disso, não existem bolsas suficientes para manter alunos na pós-graduação aqui no Brasil e por isso muitos optam em estudar ou trabalhar no exterior. Grandes pesquisadores e professores decidiram trabalhar no exterior por causa dos salários competitivos e a facilidade em conseguir financiamento de pesquisas científicas, é o caso do neurocientista Miguel Nicolelis, o paulistano considerado um dos principais pesquisadores do mundo, reside e trabalha nos EUA, chefia um dos mais avançados laboratórios de neurociência do mundo, o da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Nicolelis fez um primata mover um braço robótico apenas com o “pensamento”, a descoberta é importante para desenvolver uma interface eficiente entre cérebro e máquina e, futuramente, devolver os movimentos a pacientes paralisados.
A falta de cuidado como que a imprensa trata desse assunto me assusta. Já existe por aí a ideia de que as universidades públicas oneram o Estado e nada produzem, e esse tipo de cobertura tendenciosa apenas aumenta essa visão preconceituosa. Não acredito que um professor universitário que passou a maior parte da vida estudando, ganhando bolsas de valores irrisórios, abnegando horas de lazer por estudo e ignorando o trabalho na iniciativa privada para seguir a área acadêmica não mereça ganhar um piso superior aos R$ 20 mil, assim como acredito que esse deveria ser o salário de diversos outros profissionais indispensáveis.
Atualmente, o maior salário da universidade – R$ 60 mil, é o de um professor aposentado do Instituto de Psicologia, com 90 anos, o pesquisador é ainda muito ativo na universidade. Mas como se sabe e a imprensa fez questão de destacar, hoje a USP não poderia pagar salários superiores aos R$ 20 mil, pois o teto constitucional paulista é atualmente limitado pelo salário do governador (R$ 20.662).
Mas o que poucos sabem é que os caminhos dos pesquisadores brasileiros são um tanto tortuosos; atualmente, durante a graduação quem decide fazer pesquisa é remunerado em apenas R$ 400 pelo CNPq, já as bolsas de mestrado estão fixadas em pouco mais de R$ 1 mil, lembrando que neste período a dedicação deve ser total, o pesquisador trabalha 40 horas por semana, não pode ter outra renda e não possui nenhum tipo de direito trabalhista. Além disso, não existem bolsas suficientes para manter alunos na pós-graduação aqui no Brasil e por isso muitos optam em estudar ou trabalhar no exterior. Grandes pesquisadores e professores decidiram trabalhar no exterior por causa dos salários competitivos e a facilidade em conseguir financiamento de pesquisas científicas, é o caso do neurocientista Miguel Nicolelis, o paulistano considerado um dos principais pesquisadores do mundo, reside e trabalha nos EUA, chefia um dos mais avançados laboratórios de neurociência do mundo, o da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Nicolelis fez um primata mover um braço robótico apenas com o “pensamento”, a descoberta é importante para desenvolver uma interface eficiente entre cérebro e máquina e, futuramente, devolver os movimentos a pacientes paralisados.

Além de dar aulas, um professor de universidade pública realiza pesquisas, orienta centenas de alunos, produz livros, participa de seminários e busca meios de financiamento para as pesquisas. O fato é que os professores trabalham muito, estudam muito, dormem pouco e abnegam ganharem salários superiores no setor privado para se dedicar ao ensino e à produção de conhecimento.
Mas, e os salários de R$ 60 mil, são exagerados mesmo? Existem outros profissionais que ganham tanto quanto professores. Há, por exemplo, um cargo no setor público nomeado de prático, esse profissional é encarregado de orientar os comandantes dos navios que chegam ou saem de um porto, e o rendimento mensal pode chegar a R$ 100 mil, não que esse profissional não seja importante, pelo contrário, são pessoas altamente capacitadas, mas os nossos professores também merecem ganhar bons salários. Não é novidade nenhuma a existência de cargos específicos com salários considerados altos para a média, mas pergunto a você leitor, não seria o caso da opinião pública defender o aumento dos salários considerados baixos?
Talvez fosse o momento de discutirmos como devem ser definidos os salários dos docentes e questionar se eles de fato são competitivos com outras universidades nacionais e internacionais. O trabalho científico das universidades é pouco valorizado em nosso país e a nossa produção científica ainda é artesanal. A ciência e a educação precisam ser valorizadas, os salários de R$ 60 mil não são o verdadeiro problema.
*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.